Produção de gás

terça-feira, 19 de outubro de 2010

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19 de Outubro de 2010

Por Magnum Seixas.
Equipe de Jornalismo do PojucaONLINE

Produção de gás em terra tem sido destinada a reinjeção em escala crescente.

Desde que a importância produtiva de gás no Estado foi deslocada para Camamu, a produção de gás nos campos terrestres tem declinado e principalmente, destinada a reinjeção nos campos de produção. Se por um lado a reinjeção é um mecanismo de elevar artificialmente a produção de petróleo nos campos maduros, por outro lado diminui a receita dos municípios com royalties baseado no gás, uma vez que a produção destinada a reinjeção, queimas e perdas não são computadas para o calculo de royalties.

O agravante da não utilização do gás, tem amparo na produção sustentável com seu impacto inter-geracional, sobretudo por se tratar de um recurso natural não renovável e que não tem sido posto a disposição da população. A incerteza referente a demanda do recurso e consequentemente seu preço futuro, agrava mais a discussão sobre a não utilização do gás, por mais que este esteja sendo utilizado para outra ação “benéfica” a região, que é o reestimulo a produção de óleo em campos maduros. Tem-se dado prioridade há um recurso devido a seu maior valor de mercado (produção de petróleo) em detrimento de outro, contudo a legislação brasileira quando concede o direito sobre a exploração do recurso, deixa claro que o recurso deve ser disposto a população, uma vez que o interesse da concessão em prol do social.

A produção de Manati, em Camamu, se iniciou em 2007 e foi fundamental para suprir a déficit de gás no estado. É o maior produtor de gás no Brasil junto com o campo de Roncador na Bacia de Campos no Rio de janeiro. Produzindo atualmente mais de 200 milhões de metros cúbicos por mês, responde por mais de 65% da produção baiana. Já os campos terrestres na Bahia que respondiam pela totalidade da produção de gás do estado até 2006, tem-se deparado com forte queda na produção, correspondente a 35% no comparativo de dezembro de 2006 e julho de 2010, quando a produção não ultrapassou 95 milhões de m³. Em terra, o principal campo baiano é o de Miranga, localizado no município de Pojuca, com produção de 34,5 milhões de m³ responde por 37% da produção em terra.



A reinjeçao de gás nos campos em terra se amplia já no inicio da produção em Manati. Em dezembro de 2006 correspondia a pouco mais de 2 milhões de m³(1% da produção) já em janeiro de 2007(inicio da produção em Manati) passou a mais de 8 milhões de m³. Atualmente são reinjetados mais de 30 milhões de m³mês ou mais de 30% da produção. Visto que já queda na arrecadação dos royalties pela retração da produção, acentua-se pela reinjeção ampliada.

Se toma-se como base que o preço médio de referencia do gás dos campos terrestres baianos esta em torno de R$ 0,40 por m³ e royalties médios de 10% do valor da produção, a perda mensal dos beneficiados com royalties chega a R$ 1,2 milhões mensais ou aproximadamente R$ 14,5 milhões anuais. Obviamente, que se justificam que estas perdas são supridas com o aumento da produção de petróleo através da reinjeçao, e consequentemente os royalties gerados pela produção de petróleo. Alem do fato de que se estende a vida útil dos campos, uma vez que como a produção é correlata dos hidrocarbonetos, em muitas situações so se justifica a produção de gás pela importância da produção de óleo no campo.

Ainda assim, mesmo que a “troca” de recursos, baseada em seus preços relativos, tecnicamente se justifique, a eliminação de um recurso natural não renovável tras implicações morais e éticas. Principalmentenão se saber qual o comportamento futuro da oferta do recurso e de sua importância na matriz energética. Os preços há muitos anos tem-se elevado do gás, e eliminar as reservas em detrimento de outro recurso pode acarretar em sérios riscos a geração futura com a escassez do recurso, não aproveitado.

Magnum Seixas
Graduando em Economia pela UFBa.

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