Queda da produção petróleo e gás em Pojuca

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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17 de Setembro de 2010

Por Magnum Seixas.
Equipe de Jornalismo do PojucaONLINE

O município de Pojuca é o 4º maior arrecadador de royalties do estado da Bahia atrás apenas de São Francisco do Conde, Madre de Deus e Esplanada. Em 2009, os royalties distribuídos corresponderam a R$ 9,76 milhões e representaram 14% da arrecadação municipal, que segundo informações do Tribunal de Contas do Município (TCM) alcançou R$ 68,13 milhões. É uma receita essencial para o município, uma vez que o grau de vinculação da conta é muito baixo e dá maior liberdade ao poder público local, ao contrário das demais receitas que é adquirida com destinação pre-estabelecida. É importante ressaltar também, que a baixa vinculação da receita pode dá margem a uma gestão ineficiente do recurso, o que poderá acarreta em problemas futuros.
Os principais campos produtores do município são os de Miranga e Água grande (divide com o município de Catu, que possui aproximadamente 30% da produção do campo). O campo de Miranga representa 58% da produção de gás natural da Bacia do Recôncavo e juntamente com o campo de Água grande 14% da produção de petróleo. Como maior parte dos campos da Bacia do Recôncavo, são maduros e atuam em sua tendência natural com produtividade declinante, estando assim sujeitos a estímulos artificiais, como métodos de recuperação de reservas, para aumentar ou pelo menos manter a produção. Em 2009 a produção média de gás na Bacia do Recôncavo foi de 3,2 milhões de m³/dia, sendo 47% menor que no ano de 2004, declinando com taxa de 12% ao ano. Já a produção de petróleo tem declinado a 2,1% ao ano e em 2009 correspondeu a uma média de pouco mais de 40.116 barris/dia.
A produção de gás é uma importante componente no total dos royalties ao município de Pojuca e é justamente esta produção que sofre a maior queda. O campo de Miranga em 2004 produzia aproximadamente 2,5 milhões de m³/dia de gás, atualmente está reduzido a pouco mais de 1 milhão de m³/dia.
Apesar de representar até pouco tempo a totalidade da produção, a região do Recôncavo vem perdendo importância pelo fato da queda da produção e principalmente após o início da produção de gás em 2007 no campo de Manati. O campo de Manati é atualmente o segundo maior produtor de gás do Brasil, atrás apenas do campo de Marlim na Bacia de Campos no Rio de Janeiro. Sua produção veio para suprir a demanda baiana, que sempre se encontrou deficitária. Contudo, após o início da produção em Manati a produção na Bacia do Recôncavo foi drasticamente reduzida. Entre 2007 e 2009 houve uma queda de 37% na produção e, além disso, a redução foi ainda maior na produção disponível ao mercado, em quase 41%.
Nem toda a produção efetiva de gás é passível de cobrança de royalties, normalmente só a produção que é disponível ao mercado (incidência entre 15% a 20% de royalties). A produção disponível representou 58,6% da produção total, o restante é representado por queimas e perdas de gás, consumo nas próprias unidades e reinjeção nos poços. Os dados disponíveis na ANP apontam para um aumento na reinjeção de gás superior a 90% entre 2007 e 2009. Em 2006 a reinjeção foi de apenas 24 milhões de m³, em 2007 saltou para 200 milhões de m³ e em 2009 alcançou 382 milhões de m³.
O atual cenário deixa explícito a posição desfavorável dos municípios produtores, em especial o município de Pojuca que é o principal produtor de gás em terra do Estado. Pois, além da queda na produção verifica-se um declínio na parte da produção incidente de royalties. A perda em royalties não só ocorre na produção, mas também pela quantidade que deixa de fluir para as unidades de embarque e desembarque de gás que gera mais 10% de royalties sobre a produção. Outro agravante assenta-se na menor arrecadação pelo estado do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e conseqüentemente o menor repasse ao município.


Magnum Seixas
Graduando em Economia pela UFBa.

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